quarta-feira, 27 de outubro de 2010




Mais de 1 milhão de acidentes com queimaduras acontecem todo ano no Brasil. Para reduzir o tempo de tratamento de queimaduras e melhorar o local afetado, diminuindo seqüelas estéticas e funcionais, pesquisadores da Sobrapar – Hospital de Cirurgia Craniofacial de Campinas/SP – e dos Institutos de Química e Bioquímica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Metrocamp desenvolveram uma formulação empregando nanotecnologia que, aplicada diretamente na pele sob a forma de nanocápsulas em gel ou pomada logo após o acidente, poderá ajudar a pele a se recuperar mais rapidamente.

“O processo inflamatório na pele queimada aumenta muito a produção de radicais livres. As fibras da pele se desorganizam, como conseqüência da queimadura”, diz a bióloga e pesquisadora da Sobrapar, Ana Beatriz Almeida, PhD. A pesquisa, financiada pela Rede de Nanocosméticos do CNPq, possibilitou a preparação em laboratório de formulações antioxidantes. Essas fórmulas são eliminadoras de radicais livres – capazes de destruir a membrana celular – e estão acondicionadas em nanocápsulas biodegradáveis e biocompatíveis, com propriedades que possibilitam sua tolerância pelo tecido em que forem inseridas, sem causar prejuízos ao organismo a curto e longo prazo.

“A composição do produto é ainda uma combinação de substâncias naturais e sintéticas ativadoras celulares, capazes de melhorar o processo de cicatrização e de inflamação dos tecidos”, explica Ana Beatriz, que realizou o estudo em parceria com Zaine Teixeira, aluna do Instituto de Química da Unicamp, sob a orientação do professor Nelson Duran.
“Entre as vantagens da nanotecnologia está a redução da toxicidade do composto e a possibilidade de permear algumas barreiras do organismo – como a camada que se forma em queimaduras e ferimentos. Essa camada normalmente impede a permeação dos fármacos em formulações tópicas convencionais. As nanocápsulas permitem ainda um tempo maior de circulação no organismo e a liberação gradativa do princípio ativo constituindo como um sistema de liberação sustentada de fármacos”, afirma Patrícia Melo (PhD do Instituto de Biologia da Unicamp e da Metrocamp).

A pesquisa teve início no ano passado em ratos. Áreas da pele dos ratos com queimaduras de terceiro grau foram tratadas durante sete dias com a substância aplicada diretamente na área queimada. Na seqüência, os pesquisadores mediram as enzimas antioxidantes para verificar a recuperação da pele. Os próximos testes verificarão os mecanismos de ação farmacológicos da substância em animais e in vitro (com cultura de células). O prazo para término da pesquisa é de um ano. Na seqüência, terão início os testes com humanos.

O hospital da Sobrapar realizou, no ano passado, um total de aproximadamente 20 mil atendimentos, dos quais 1200 foram de pacientes com seqüelas de queimaduras. O hospital é uma referência na América Latina para o tratamento gratuito de deformidades crânio faciais e fissuras lábio palatinas. Cerca de 60% dos pacientes são crianças de zero a 15 anos de idade. Atualmente o hospital conta com 16 leitos na enfermaria, um leito de isolamento, UTI pediátrica com dois leitos, três centros cirúrgicos e seis leitos de recuperação pós-anestésico.

Além do atendimento médico e paramédico multidisciplinar gratuito, a Sobrapar promove atividades de ensino – com a formação de profissionais nas áreas de cirurgia plástica, ortodontia, fonoaudiologia, psicologia e outras especialidades – e de pesquisa, com a investigação de novos métodos para prevenção, diagnóstico e tratamento relacionados à cirurgia plástica reparadora.

Mais informações:

Sobrapar
Telefone: (19) 3749-9700
E-mail: sobrapar@sobrapar.org.br

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